A Casa Yara DW apresenta Arte Leve, uma exposição que propõe um novo olhar sobre a circulação da arte contemporânea brasileira. Com obras de artistas de todos os 26 estados do país, mais Distrito Federal, a mostra nasce de um processo: cada peça viajou pelo país pelos Correios, respeitando um limite de peso de 500 g e de tamanho, com no máximo 40 x 40 cm, desafiando conceitos tradicionais de montagem expositiva e ampliando as possibilidades de acesso e difusão artística.
A exposição se apresenta “não como um ponto final, mas um marco inaugural, um gesto de abertura”, como destaca a curadora da mostra, Érica Burini (Ateliê397), no texto curatorial. Inspirado na prática da artista e organizadora Yara Dewachter, fundadora do grupo Aluga-se (2010-2017) e do espaço que recebe a exposição, o projeto se insere em uma reflexão mais ampla sobre circulação da arte e acessibilidade dos espaços expositivos.
A seleção dos trabalhos foi feita pelo júri formado por Burini junto ao curador Alexandre Araujo Bispo e ao artista e curador Orlando Maneschy. O trio analisou 471 propostas de todo Brasil para chegar à composição do time de 27 artistas que compõe Arte Leve. “Muitos dos artistas selecionados ainda não têm visibilidade nacional, mas suas produções apontam caminhos instigantes para pensar a arte contemporânea no Brasil”, escreve Burini.
Para Burini, o conjunto final de artistas reflete “a complexidade da produção contemporânea” no país, incluindo diferentes trajetórias, formações e linguagens. A seleção compõe um mosaico abrangente, com nomes tão diversos como do jovem pintor ribeirinho Amilton, da Ilha do Ferro, no sertão alagoano, e Yiftah Peled, artista israelense residente em Vitória, no Espírito Santo, que participou da Bienal Internacional de São Paulo, em 1994.
A exposição também evidencia a diversidade de técnicas e abordagens, reunindo desde investigações narrativas e tecnológicas —caso de Osmar Domingos, de Itajaí, Santa Catarina, que usa a robótica para criar instalações que mimetizam ecossistemas e obras interativas— até criações que exploram a materialidade e o fazer artesanal. “Arte Leve se coloca como um espaço de experimentação, onde a pluralidade não é apenas um dado de seleção, mas uma proposta curatorial ativa”, afirma a curadoria.
Ao conectar artistas de diferentes partes do país, Arte Leve reafirma a importância de abrir caminhos para novas vozes e ampliar os circuitos de visibilidade da arte contemporânea. Ao traçar “um mapa alternativo da produção contemporânea”, onde cada obra se torna um ponto de conexão entre paisagens culturais distintas, além de estimular conexões futuras entre criadores, instituições e pesquisadores.
ARTE LEVE: ARTISTAS
Amilton (AL), Amanda Fahur (PR), Ana do Vale (RN), Allyster Fagundes (PA), Aram (SP), Beatriz Pessoa (MG), Charles Macuxi (RR), Cláudio Montanari (TO), Danilo de S’Acre (AC), Estêvão da Fontoura (RS), Eulália Pessoa (PI), Filipe Alves (CE), Gabriel Bicho (RO), Glênio Lima (DF), Levi Gama (AM), Lola Pinto (PB), Luis Napoli (MT), Luiz Sisinno (RJ), Nau Vegar (AP), Osmar Domingos (SC), Priscilla Pessoa (MS), Regina Borba (MA), Renata Voss (BA), Ricardo Masi (GO), Sarah Nazareth (PE), VÉIO (SE) e Yiftah Peled (ES)