Anne Frank: deixem-nos ser | Unibes Cultural

Foto: Coleção de fotos da Anne Frank Stichting (Amsterdam)

A Inspirar-te, associação sem fins lucrativos que promove impacto social e cultural, concebe, de 3 de agosto a 22 de dezembro de 2024, a exposição Anne Frank: deixem-nos ser, na Unibes Cultural. A mostra estabelece um diálogo sensível entre temas contemporâneos, tais como a valorização da diversidade, direitos humanos, questões indígenas, de gênero e raciais — apresentados por meio de obras de relevantes artistas nacionais e internacionais. Celebrando a vida de Anne Frank, constrói-se um percurso de contextualização histórica e reprodução fiel do Anexo Secreto, com materiais fornecidos pela Anne Frank House Amsterdã. 

A construção da narrativa baseada em três momentos — que conecta contextualização histórica, vivência de Anne Frank e os dias de hoje —, foi idealizada pela Inspirar-te, que entende a importância de explorar o potencial do impacto socioeducativo de uma exposição baseada em temas curriculares, como a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, interligando à sociedade que vivemos hoje. Dessa forma, o visitante poderá se conectar com a exposição de uma maneira efetiva, sensível, instigando o seu pensamento crítico e visão de mundo. 

Em um percurso expositivo imersivo, a mostra utiliza O Diário de Anne Frank (1947) como obra fundamental para reconstrução da trajetória da luta pelos direitos humanos e combate ao racismo e antissemitismo. Marcando 80 anos após o último registro de Anne em seu diário, no dia 1º de agosto de 1944, e poucos dias antes do esconderijo ser descoberto e invadido, quando a família Frank foi presa, demonstra-se a força de sua memória e o compromisso em transmitir seu legado às próximas gerações. 

Com curadoria liderada por Carlos Reiss, curador-chefe e coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba, Eduardo Duíque, curador, e a idealizadora Priscilla Parodi, a mostra reúne 18 obras originais de grandes nomes do cenário cultural nacional, como Claudia Andujar, Leonilson, Flávio Cerqueira, Nino Cais, Eustáquio Neves, Anna Bella Geiger, Erich Brill, entre outros — em empréstimos do MAM (Museu de Arte Moderna), Pinacoteca de São Paulo e galerias de arte.

A Unibes Cultural foi escolhida para receber a exposição de Anne Frank devido à sua dedicação em promover a educação, a cultura e a memória histórica. Com sua localização central em São Paulo e infraestrutura moderna, a Unibes Cultural, que tem nove anos e é um braço da Unibes, uma instituição centenária da comunidade judaica e do terceiro setor, oferece o ambiente ideal para homenagear a história de Anne Frank em uma experiência envolvente.

Elaine Vieira, Superintendente Executiva da Unibes Cultural, destaca ser uma honra receber a exposição de Anne Frank na instituição. “O projeto reforça o nosso compromisso com os valores de direitos humanos, a tolerância e o combate ao preconceito, que são fundamentais para a Unibes Cultural”.

O título da exposição se inspirou nas palavras de Anne Frank: “Deixe-me ser eu mesma e estarei satisfeita”, buscando tornar realidade o seu anseio pela liberdade e individualidade. É neste momento que seu legado se une às demais lutas, em um diálogo entre as artes, os direitos humanos e a essência de seu Diário, onde distintas temporalidades e territorialidades se encontram: a Europa do século 20 e o Brasil do século 21. “A conexão com o presente é justamente o que torna os diálogos que visamos construir mais potentes nessa exposição. Esse vínculo nos permite discutir, por meio da arte, as diversas formas de intolerância e preconceito, unindo vozes contemporâneas à de Anne e clamando pelo direito de ser.” destaca Priscilla Parodi.

O curador-chefe Carlos Reiss reforça que falar sobre Anne Frank e sobre o Holocausto demandam sempre uma responsabilidade social. “Nossa experiência mostra que a educação sobre esse genocídio e a luta contra o antissemitismo precisam ser feitas de forma conjunta e dentro da lógica do racismo. Quando falamos ‘Holocausto nunca mais’, na prática, estamos renovando um pacto coletivo de que vamos identificar os sinais e atuar contra toda e qualquer forma de ódio contra qualquer grupo, principalmente os que estão próximos de nós”,  explica. 

Destaca-se a obra de Flávio Cerqueira (São Paulo, 1983), No meu céu ainda brilham estrelas (2023). A escultura em bronze cedida para a exposição monumentaliza a identidade e a memória de todas as meninas e mulheres que, como Anne Frank, foram e são vítimas da violência — e, ainda assim, abrem livros e miram o céu e o brilho das estrelas. Em uma homenagem-denúncia dedicada àquelas que escrevem, leem e lutam de diversas formas pelo direito de ser.

E Claudia Andujar (Suíça, 1931) compõe a mostra com a fotografia da série “Marcados”, que apresenta um diálogo direto com as perseguições da Segunda Guerra e entre o documento oficial e a prática poética, traz outro significado para “listas” de seres humanos. A artista judia de origem suíça, refugiada e que perdeu a família durante o Holocausto, Andujar é referência desde os anos 1970 ao chamar atenção para os problemas enfrentados pelas populações indígenas no Brasil. 

A reprodução fiel do Anexo Secreto é uma iniciativa inédita no cenário brasileiro, e conta com materiais exclusivos fornecidos pela Anne Frank House Amsterdã, museu que preserva a casa habitada de Anne e sua família durante o Holocausto. O ambiente é um convite à imersão num espaço de memória reconstituído, com objetos e marcas pessoais mencionadas em passagens do Diário. 

Para Liora Alcalay, Presidente da Unibes, “a história de Anne Frank nos inspira a nunca deixar de acreditar e lutar por um mundo melhor, livre do antissemitismo. Essa sempre foi uma das missões da Unibes em todas as suas frentes de trabalho”.

Através de uma metodologia única e com uma equipe especializada em arte-educação, a Inspirar-te elabora roteiros personalizados e adaptados por faixa etária que traçam conexões diretas com o currículo acadêmico, e que são complementadas por atividades criativas, lúdicas e sensoriais, assim permitindo um melhor aprofundamento e aplicação do conteúdo durante e após a visita guiada. Além disso, também idealiza e produz importantes exposições em parceria com museus nacionais e internacionais.

Durante a visitação, será possível acessar conteúdos acessíveis complementares, idealizados e produzidos pela Inspirar-te, como áudio guia na Plataforma Musea. Assim, recomendamos baixar o aplicativo no celular para aproveitar ao máximo a exposição.

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