Andrea Antonon | Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas

O Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas tem o prazer de anunciar a abertura da exposição “Costuras do Tempo”, individual da artista Andrea Antonon, com curadoria de Shannon Botelho. A mostra será inaugurada no dia 19 de outubro de 2024 (sábado), das 14h às 17h, e apresenta um conjunto de cerca de 40 obras da artista, entre pinturas em grande escala, colagens, desenhos e costuras sobre papel.

Andrea Antonon explora uma vasta gama de materiais em seu processo artístico, onde a experimentação desempenha um papel central. Com esses materiais, Antonon cria uma fusão entre o natural e o feito à mão, usando elementos como o betume, que escurece e dá profundidade, e as linhas douradas, que simbolizam sutilezas e transformações. Essa abordagem multidimensional dos materiais reforça a conexão entre o homem, o tempo e a natureza, temas recorrentes em sua poética.

“Costuras do Tempo reúne trabalhos resultantes da pesquisa poética da artista iniciada nos anos 1980, quando as marcas da experimentação dos materiais tornaram-se evidentes nos trabalhos. Desde então, um fazer quase alquímico com o preparo das tintas, da encáustica, a transferência de imagens, a produção de papéis, ganhou centralidade. Certo modo, poderíamos dizer que as obras que compõem esta exposição, dão corpo a uma investigação intensa e dedicada no ateliê”, diz o curador.

A exposição se divide em três grupos, onde cada conjunto de obras propõe uma nova camada de significados, onde técnica e conceito se entrelaçam em uma tessitura poética e visual. No primeiro grupo, intitulado “Cosmos”, a artista apresenta sete trabalhos entre 30 x30 cm e 48 x 46 cm, utilizando a técnica da encáustica sobre madeira. Nele, Andrea traz uma reflexão sobre o universo e os questionamentos filosóficos de Immanuel Kant sobre o futuro da humanidade diante da exploração desmedida dos recursos naturais.

O segundo grupo revisita a produção de papéis artesanais da artista. São cerca de 22 trabalhos com intervenções que mesclam colagem, desenho, costura e pintura, trazendo símbolos e embates subjetivos entre o homem e o mundo.

Por fim, as quatro pinturas de grande dimensão (1,80 x 1,00 cm), produzidas em 2024, dialogam com as colagens em papel manufaturado. Nelas, estão símbolos primordiais presentes nas formas humanas e geométricas, “sem glorificar o homem como divino, evitando o antropocentrismo que leva à destruição”, diz a artista. No centro das obras, Andrea usa as Mônadas circulares de granitina em cobre e bronze, conectadas por linhas douradas, simbolizando a origem e o destino da humanidade. Inspirada por Leibniz, que define as Mônadas como substâncias simples e indivisíveis, a artista propõe uma reflexão sobre o papel humano no cosmos, em suas dimensões físicas e espirituais, com referências à verticalidade dos templos góticos e à relação entre o tempo e a existência.

“Costuras do Tempo é uma possibilidade de dialogarmos com as nossas certezas, sonhos e receios, pois, entre a escuridão – presentificada no betume que escurece o papel – e a claridade – da figura e das linhas douradas que costuram os motivos circulares – reside a possibilidade de reinventarmos o agora (…), reatar nossas consciências ao movimento exíguo da vida, considerando o papel que queremos desempenhar no mundo, é o que nos oferta Andrea Antonon nesta experiência de interação com o mundo”, define Shannon Botelho.

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