A Galeria de Arte BDMG Cultural recebe a exposição Teimosia Vegetal, uma série de 20 obras de Ambuá e Izabella Coelho, formada por esculturas, instalações, objetos e plantas coletadas no bioma da capital mineira. A mostra é fruto de pesquisas atravessadas pela agroecologia realizadas pela dupla desde o final de 2022 e que deságuam nas obras expostas e na performance-instalação Digestão.
A exposição apresenta um relicário de espécies alimentícias disponíveis no bioma urbano, como tamarindo, primavera, jatobá, jenipapo, pau doce, lavanda de caboclo, pimenta rosa, monguba, entre outras. Além disso, o trabalho é formado por diversos objetos que igualmente compõem e narram a cidade: tijolos de demolição, cacos de azulejo, tecidos garimpados – tingidos com vegetais coletados -, sacos de feira, entre outros. Teimosia Vegetal é produzida com matérias vivas e cíclicas, associadas às estações do ano, apresentando um conjunto de instalações, em um ambiente imersivo, para ser experimentado pelo paladar, olfato, visão, tato e audição.
“Essa é a cidade a qual Ambuá e Izabella Coelho habitam, uma cidade cheia de possibilidades de coleta e colheita, na qual se voltam para o ato ancestral de observar e coletar como um gesto sensível, poético, político e vital, analisando cada parte da cidade com sua potência. Em conexão com a teimosia dos vegetais que nascem em todos os lugares, até mesmo nos mais inóspitos, seus trabalhos mantêm a força do vivo e mostram como os ciclos naturais estão presentes nos espaços públicos, trazendo novamente o encantamento de encarar a circularidade da natureza. Ao fazer isso, revelam a resiliência do mundo natural, persistente na tentativa incessante de florescer mesmo nas condições mais adversas”, reflete a artista e pesquisadora Brígida Campbell no texto curatorial da mostra.
“Esse trabalho traz uma perspectiva contracivilizatória, operando por meio de um terrorismo poético. Compreendemos que a reivindicação de outros futuros, que não aquele para o qual nos dirigimos a passos largos – de depredação da biodiversidade e impossibilidade de vida neste planeta -, tem como ponto de partida uma mudança no modo como nos relacionamos com as diversas formas de vida que habitam a Terra”, explica a dupla de artistas.