AFONSO TOSTES | MUL.TI.PLO

A Mul.ti.plo Espaço Arte inaugura no dia 10 de março a exposição “As coisas que ainda existem”, de Afonso Tostes. Conhecido por suas esculturas em madeira descartada, Tostes apresenta cerca de 16 trabalhos inéditos, incluindo peças esculpidas sobre carvão, material extremamente instável. As novas obras, criadas durante a pandemia, trazem reflexões sobre os impactos ambientais causados pelo homem, remetendo a queimadas, mudanças climáticas, extinção de espécies etc. Nas peças apresentadas, além de madeira e carvão, entram também ferro e papel. A exposição vai até 29 de abril, no Leblon, com entrada franca.

Sem apresentar uma individual no Rio desde 2015, na mostra da Mul.ti.plo, Afonso Tostes traz aproximadamente três esculturas de grande formato, sete objetos de parede sobre tela e seis desenhos sobre folha de dicionário, divididos em três séries. “Trabalho sobre o que já existe, coisas descartadas por aí, que sofreram a interferência da mão humana. Me interessa a relação do homem com seu entorno, com a natureza. Não falo apenas da relação com o meio ambiente, mas também das relações pessoais, das nossas expressões visíveis e invisíveis”, explica Afonso.

A série com carvão é composta de cerca de sete objetos de parede sobre tela, de 40cm X 50cm. O trabalho começou com a coleta de restos de árvores carbonizadas em uma queimada na região de Visconde de Mauá. Depois, ele encontrou numa rua de Copacabana um dicionário ilustrado da década de 1960. “Tinham várias reproduções de pinturas da natureza, uma catalogação das espécies. Comecei a confrontar essas duas ideias e daí nasceu a série, que junta carvão esculpido com ilustrações de borboletas, peixes, aves, roedores, insetos e mamíferos”, explicou.

Em outra série, ele utiliza as folhas da enciclopédia como base para desenhos feitos com pigmentos de pó residual de madeira, recolhido em seu próprio ateliê. Essas obras medem entre 210cm X 100cm e 60cm X 40cm. Para completar a mostra, Afonso Tostes apresenta também esculturas feitas a partir de galhos, amarrados, de 202cm X 60cm. “Com uma linguagem potente e singular, as obras de Afonso nessa exposição falam da precariedade humana. Os trabalhos são sofisticados, e carregam uma certa melancolia da hora, um sentimento de fragilidade da vida, dessa capacidade que temos de destruí-la mas também de transformá-la em poesia”, finaliza Maneco Müller, sócio da galeria.

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