Essas pessoas na sala de jantar ocupa a Casa Museu Eva Klabin em formato inédito.
Integrante do circuito oficial da ArtRio 2023, exposição com curadoria de Raphael Fonseca traz obras de 12 artistas e provoca fricção entre as artes visuais contemporâneas e um dos mais importantes acervos de arte clássica do país
Com curadoria de Raphael Fonseca, a exposição Essas pessoas na sala de jantar reúne 12 jovens artistas visuais contemporâneos na Casa Museu Eva Klabin, em uma ocupação inédita com intervenções em todos os ambientes da casa, incluindo jardim e fachada.
Integrante do circuito oficial da 13ª edição da Feira de Arte do Rio de Janeiro (Art Rio 2023), o imóvel na Lagoa Rodrigo de Freitas será ocupado com obras em doze espaços. Desta interferência surgirá um diálogo trans-histórico com um dos mais importantes acervos de arte clássica do país, composto por mais de duas mil peças de arte clássica, quadros e esculturas, situadas em cinco séculos – do Egito Antigo ao Impressionismo.
Raphael Fonseca, curador de arte moderna e contemporânea latino-americana no Denver Art Museum e da 14ª Bienal do Mercosul (2024), convidou para a coletiva: Ana Cláudia Almeida, Ana Hortides, Andréa Hygino, Arthur Chaves, Felipe Rezende, Jonas Arrabal, Marcus Deusdedit, Santiago Pooter, Tadáskía, Talles Lopes, Tiago Sant’ana e Vitória Cribb.
São artistas nascidos em regiões vistas como periféricas, seja em bairros do subúrbio do Rio de Janeiro ou nas periferias de cidades como Anápolis, Belo Horizonte, Cabo Frio, Salvador e Santo Antônio de Jesus, que trazem para suas pesquisas noções de lar, história da arte, ficção, propriedade e cidadania, numa produção de imagens que aponta para direções contrastantes, mas dialógicas com os itens da coleção de arte de Eva Klabin.
“’Essas pessoas na sala de jantar’ é um projeto importante porque traz uma presença massiva de artistas que têm práticas que refletem seu lugar socioeconômico não privilegiado. Estamos falando de artistas que, assim como eu, vêm de uma classe trabalhadora e que, diferentemente da própria história dessa residência na Lagoa, não apontam para uma narrativa sobre as elites econômicas brasileiras, mas, sim, para o pólo oposto: para os corpos que compõem aquelas massas tidas como anônimas”, diz Raphael Fonseca.
A exposição
“Essas pessoas na sala de jantar” inclui obras de Tadáskía, uma artista do Rio de Janeiro com trajetória internacional, que este ano participa da Bienal de São Paulo. A artista, cuja pesquisa gira em torno de mistério, transcendência, espiritualidade e abstração, apresenta algumas obras inéditas – objetos e fotografias -, transmitindo sua profunda exploração conceitual.
A fachada da Casa Museu ganha vida com a instalação de Santiago Pooter, de Porto Alegre. Ele cria uma marcante cruz preta que preencherá o espaço vazio, adornada com uma estrela no topo. A intervenção de símbolos de diversas religiões com a cultura pop é um tema central da obra do artista, refletindo seu fascínio por simbologia.
No jardim, a intervenção artística de Jonas Arrabal, originário de Cabo Frio e atualmente radicado em São Paulo, traz peças de gesso suspensas. Sua abordagem focada no tempo e na escultura será evidenciada no ambiente verde da instituição, que tem a assinatura de Roberto Burle Marx.
Já na Sala Renascença, a pintora carioca Ana Claudia Almeida, que atualmente cursa mestrado em Yale (EUA), exibe sua habilidade na abstração e na pintura em larga escala. Suas obras muitas vezes dobráveis encontram um elo com o mais amplo e imponente cômodo da Casa.
Seguindo o roteiro, na Sala Inglesa, Tiago Sant’Ana proporciona uma visão única ao explorar a ideia do chá das 17 horas, entrelaçando a coleção inglesa de Eva Klabin com um retrato de sua mãe desfrutando do chá. A fusão desses elementos traz um toque distintivo à sala.
Ana Hortides, nascida no Rio de Janeiro e moradora de São Paulo, explora o subúrbio carioca e suas iconografias no hall superior da Casa.
No auditório, Vitória Cribb, de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, traz uma animação afrofuturista.
A sala onde Eva Klabin costumava responder cartas exibe o trabalho de Talles Lopes, que explora os mapas de Goiás e a expansão do Brasil rumo ao oeste.
A sala subsequente será ocupada por Felipe Rezende, da Bahia, explorando a figura do trabalhador com obras em borracha e lona.
Arthur Chaves, de Seropédica, na Região Metropolitana, traz para o Quarto de Eva uma sua série de obras têxteis e escultura, utilizando tecidos antigos da casa.
Andréa Hygino ocupa a Sala de Jantar, que empresta o nome à exposição. Sua intervenção envolve cadernos e massinha com letras do alfabeto, explorando a interseção entre educação e artes visuais.
O acesso à exposição é livre e gratuito