40 ANTENAS E ALGUMAS PARABÓLICAS | Galeria Rubem Valentim

Quais os rastros deixados pelo confinamento imposto pela pandemia do Covid-19 na obra de artistas visuais que vivem ou já viveram em Brasília? Como esses artistas fizeram para manter a sanidade e o desejo de subversão? Estas e outras respostas estão no conjunto de obras que integram a exposição 40 ANTENAS E ALGUMAS PARABÓLICAS, que será inaugurada no dia 17 de novembro, na Galeria Rubem Valentim do Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul, onde poderá ser visitada até o dia 7 de janeiro de 2023.

40 ANTENAS E ALGUMAS PARABÓLICAS é uma iniciativa dos artistas Suyan de Mattos e Hilan Bensusan e conta com o acompanhamento crítico da curadora e mestre em arte contemporânea Marília Panitz. A exposição tem expografia e design gráfico do também artista Cirilo Quartim. O patrocínio é do FAC – Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do DF.

A mostra é resultado de um intenso processo iniciado em 13 de março de 2020, quando foi lançado o decreto de nº 64.862 com medidas temporais e emergenciais de prevenção de contágio pelo Covid-19. Na semana seguinte, Hilan Bensusan convidou Suyan de Mattos para organizar uma exposição com as obras de artistas visuais que fossem desenvolvidas durante o isolamento e o distanciamento provocados pela pandemia. Para pegar o mote da quarentena e como licença poética, foram convidados 40 artistas visuais. Nascia assim o projeto 40 ANTENAS E ALGUMAS PARABÓLICAS, que chega agora ao período dC (depois do Corona).

A exposição reúne obras de artistas com carreira consolidada e outros que estão construindo suas trajetórias. Integram a mostra nomes conceituados como José Roberto Bassul, Valéria Pena-Costa, Leo Tavares, Leopoldo Wolf, Zuleika de Souza, Isadora Dalle, Márcio Borsoi, Lis Marina Oliveira, Gisel Carriconde Azevedo, Luciana Paiva, Nivalda Assunção e Lara Ovídio, entre outros, além de trabalhos dos artistas envolvidos na criação e execução do projeto – Suyan de Mattos, Hilan Bensusan e Cirilo Quartim – todos de talento reconhecido.

“O tema é de cada artista e como cada um captou a quarentena e a pandemia frente à sua produção poética”, explica Suyan. E acrescenta: “Acreditamos que os trabalhos apresentados, no contexto pós-pandemia, terão seus encantos por si mesmos e uma leitura diferente daquela que estão fazendo, durante esta interrupção do tempo. O tempo foi/é/será o do processo artístico/poético”.

A EXPOSIÇÃO

Até chegar à exposição atual, com diferentes artistas visuais da cena contemporânea de Brasília, foram realizados diversos processos, a começar por lives com os 40 artistas convidados, que se estenderam até o final do mês de julho de 2020 e que contaram com acompanhamento do músico euFraktus X. Depois, outros 60 artistas se integraram ao programa das conversas on-line nas redes do movimento, formando o que se convencionou chamar de Parabólicas. Seguiram-se desdobramentos como as performances Pandemônio, realizadas simultaneamente através da plataforma Zoom, e a criação do perfil @40antenasdc no Instagram.

Em 14 de julho, o projeto inaugurou a ocupação do mundo das Hades no 233º aniversário da queda da Bastilha (como referência à queda de um governo autoritário), na passarela subterrânea da quadra 109 Sul, entrada do Beirute, com 40 lambes de 40 artistas.

Agora, a exposição ganha o espaço da Galeria Rubem Valentim, conceitualmente dividida por demarcações poéticas chamadas pela curadora Marília Panitz de Territórios, Tempo e Ações. Ela explica: “Foi com surpresa que percebemos que dos encontros na rede se estabeleciam algumas formas exemplares de tratar o isolamento (assim como na vida). Divididos basicamente em quatro formas de ocupação do “espaço” íntimo que é requisitado pelo “estar em casa”; em três temporalidades; e no encadeamento de ações coincidentes. Parecia haver nesse descobrimento poético coletivo de enfrentamento à pandemia certos padrões identificáveis”.

Sendo assim, fazem parte dos TERRITÓRIOS obras que trabalham a Casa (o íntimo), Quintal e Entorno (o redor), Excursão (o longe solitário) e Dentro (o longe íntimo).  Em TEMPO estão trabalhos que miram o Ontem (os guardados), Sucessão de Presentes (o ordinário) e O quem vem depois (o exercício premonitório). Por fim em AÇÕES estão olhares para o Experimental, o Efêmero, o Perene e a Memória de Achados como Retomada.

O projeto inclui ainda quatro palestras em formato de visitas guiadas e lives já gravadas com artistas Antenas e convidados Parabólicas, que serão disponibilizadas num monitor de vídeo. As lives apresentam conversas com nomes como Ralph Gehre, Helena Lopes, Divino Sobral, Karina Dias, Gê Orthof, Cris Cabus, Eduardo Mariz, Clarisse Tarran, Arthur Scovino, Camila Soato, João Angelini, Selma Parreiras e Wagner Barja e serão veiculadas com legendas em closed caption. Na exposição, todas as obras terão etiquetas em braile e as visitas guiadas contarão com intérprete de libras e audiodescrição.

 

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