Rubem Grilo | OÁ Galeria

CLASSIFICADOS E NEM TANTO – SÉRIE CINEMATOGRÁFICA
Qualquer exposição composta com 154 obras, 6 frisos e algumas matrizes pode ser considerada como uma exposição de certo porte, equivalente em número a de uma retrospectiva. No entanto a exposição de Rubem Grilo, na Galeria OÁ, tem referência em duas séries de formatos miniaturas, pertencentes a dois momentos distintos, constituindo-se um recorte específico de sua produção.Trata-se de uma exposição singular: uma viagem liliputiana.Em razão do formato diminuto das obras, o espaço expositivo se constitui amplificado pelo olhar.
A SÉRIE CINEMATOGRAFICA, apresentada em 6 frisos de 5 X 160cm, representa uma temática de narrativa circular, pensada para ser vista tanto em seu formato original, como xilogravura, como editada em vídeo para projeção. Nesta forma, a obra se desenvolve de modo unificado, sem começo ou fim conclusivo.
A SÉRIE CLASSIFICADOS E NEM TANTO pertence a produção criada recentemente para a edição do livro, com texto de Marina Colasanti, projeto gráfico do artista, publicado pela editora Record, em 2010.Fazem parte de um conjunto de obras miniaturas, reunidas como ARTE MENOR, desenvolvidas a partir de 1986.
Em duas ocasiões, uma parte desta série foram apresentadas em Vitória. Em 1997, na Galeria de Arte da UFES, seguindo a itinerância da mostra exibida inicialmente no CCBB-RJ, em 1996. Em 2007, no Museu Vale, numa sala especial da exposição Arte para Crianças.
As obras apresentadas na Galeria OÁ, em primeira exposição, são impressas em cores e coloridas a mão pelo artista, que realiza a curadoria da mostra.
A opção pelo formato reduzido da obra implica, de modo óbvio, no título de ARTE MENOR. Outras questões podem sugerir essa denominação, especialmente a relação com o universo da tipografia, que serve como ponto de partida na composição dos itens dessa série. São elementos decorativos como capitulares, vinhetas, frisos figurativos ou geométricos, linhas, pontos, signos, etc.O diálogo com os ornatos tipográficos encerra uma adesão criativa entre a aplicação da xilogravura na indústria da impressão e autonomia, um tanto nonsense, de uma obra autoral baseada nos mesmos critérios desta função utilitária. O formato diminuto implica um estágio limite de uma obra realizada por meio de gravação em madeira. Isto diz respeito à adesão ao ofício inerente ao processo técnico da xilogravura.
Contraponto essas opções num estágio contemporâneo, com diversas soluções inovadoras desenvolvidas pela introdução de recursos tecnológicos, tornam-se essas obras anacrônicas, tanto pelo discurso como pelo método manual de suas realizações.
No entanto, foi a estratégica escolhida pelo artista como um laboratório de pequenas possibilidades, num jogo aberto permitido pela criação poética, abolindo certa hierarquia da imagem. O que permite a presença do humor e das filigranas nessas obras expostas, temas pouco presentes nos critérios da arte.
Como explica o próprio Rubem Grilo: “Não se trata de uma escolha nostálgica. Tem a ver com uma visão de mundo, a concentração em mim mesmo, propiciada pela intensidade da prática manual e do olhar, em busca do aprimoramento e autoconhecimento por meio da dilatação da experiência”

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